TOMAR A INICIATIVA<br>E AVANÇAR

«Dar mais força ao PCP»

Fez an­te­ontem um ano que os por­tu­gueses, de­pois de um in­tenso e con­ti­nuado pro­cesso de luta, in­fli­giram uma pe­sada der­rota elei­toral ao PSD/​CDS, pondo fim aos seus quatro anos de go­verno com uma te­ne­brosa po­lí­tica de ex­plo­ração, em­po­bre­ci­mento e de­clínio na­ci­onal.

Na sequência das elei­ções de 4 de Ou­tubro de 2015, que ex­pres­saram o re­forço do PCP e da CDU e o seu pres­tígio e in­fluência so­cial, e de­pois da der­rota das ma­no­bras do Pre­si­dente da Re­pú­blica para con­tornar os re­sul­tados elei­to­rais, foi pos­sível, pe­rante a nova cor­re­lação de forças na As­sem­bleia da Re­pú­blica e a de­ter­mi­nante in­ter­venção do PCP, uma so­lução po­lí­tica que travou o rumo pros­se­guido pelo go­verno PSD/​CDS. De igual modo, foram dados passos, mesmo que ainda li­mi­tados, para re­solver os pro­blemas mais ime­di­atos e pre­mentes dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

Pe­rante o novo quadro po­lí­tico, os par­tidos der­ro­tados nas elei­ções (o PSD e o CDS), ar­ti­cu­lados com di­versas es­tru­turas su­pra­na­ci­o­nais (Co­missão Eu­ro­peia, Con­selho Eu­ropeu, Eu­ro­grupo, FMI, BCE, cada um por sua vez) e com sec­tores do grande ca­pital pas­saram à ofen­siva. Tentam de­ses­ta­bi­lizar a so­lução po­lí­tica en­con­trada para impor o re­torno à po­lí­tica do pacto de agressão: desde o ali­nha­mento com as pres­sões, in­ge­rência e chan­tagem ex­ternas, à vi­o­lência verbal contra o PCP e às ma­no­bras de di­versão para fazer es­quecer as pe­sadas res­pon­sa­bi­li­dades que têm na si­tu­ação de­sas­trosa em que dei­xaram o País.

Ao atacar o PCP, como ainda esta se­mana acon­teceu na AR, o PSD e CDS de­nun­ciam o seu grande in­có­modo pela si­tu­ação de mi­noria em que o povo por­tu­guês os co­locou. E ao mesmo tempo, por verem o PCP a con­tri­buir para de­ci­sões de­ter­mi­nantes e in­dis­pen­sá­veis à re­po­sição e con­quista de ren­di­mentos e di­reitos, como em­bora de forma in­su­fi­ci­ente este ano acon­teceu e que, nesse mesmo sen­tido, se possa ir mais longe no Or­ça­mento do Es­tado para 2017.

Não são, por isso, de es­tra­nhar as re­centes de­cla­ra­ções do pre­si­dente da CIP, a con­ti­nuada ameaça por parte das es­tru­turas da União Eu­ro­peia de um even­tual con­ge­la­mento dos fundos co­mu­ni­tá­rios a Por­tugal ou o sen­tido do voto do PSD e CDS no pas­sado dia 30 na As­sem­bleia da Re­pú­blica, vo­tando contra a ini­ci­a­tiva do PCP de con­de­nação e re­jeição dessas ame­aças e chan­tagem.

O PCP pros­se­guirá a sua acção, to­mando a ini­ci­a­tiva e avan­çando com novas pro­postas e me­didas para me­lhorar as con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, pro­cu­rando levar mais longe a re­po­sição e con­quista de ren­di­mentos e di­reitos. Mas in­siste que os di­reitos e as con­quistas agora con­se­guidos e os muitos mais que faltam e im­porta con­se­guir só fi­carão ga­ran­tidos no quadro de uma po­lí­tica que se li­berte dos cons­tran­gi­mentos re­sul­tantes da dí­vida pú­blica e da sub­missão ao euro ou do do­mínio dos grupos mo­no­po­listas sobre a vida na­ci­onal, com os quais o Go­verno do PS in­siste em não romper.

O PCP en­tende que para re­solver os pro­blemas dos tra­ba­lha­dores e do povo e ga­rantir o de­sen­vol­vi­mento so­be­rano do País é ne­ces­sária a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e a con­cre­ti­zação duma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

Mas para que tal mu­dança seja pos­sível con­tinua a ser im­pres­cin­dível a luta dos tra­ba­lha­dores e das po­pu­la­ções, o re­forço do PCP e da CDU e a uni­dade e con­ver­gência de de­mo­cratas e pa­tri­otas.

Quanto mais força o PCP tiver, quanto maior for a sua in­fluência, quanto mais forte for a sua or­ga­ni­zação e in­ter­venção, quanto mais par­ti­ci­pada for a pre­pa­ração do XX Con­gresso em que se in­sere a en­tre­vista ao Se­cre­tário-geral neste nú­mero do Avante!, quanto me­lhores forem os re­sul­tados da CDU já no pró­ximo dia 16 de Ou­tubro nas elei­ções le­gis­la­tivas re­gi­o­nais dos Açores e nas elei­ções au­tár­quicas de 2017, em me­lhores con­di­ções es­ta­remos para der­rotar aqueles que querem o re­gresso à po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento. Mas também me­lhores serão as con­di­ções para avançar no ca­minho do em­prego, di­reitos, pro­dução, de­sen­vol­vi­mento e so­be­rania que o PCP de­fende e propõe e a acção de es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação ini­ciada na pas­sada quinta-feira visa afirmar e va­lo­rizar. Uma acção que teve esta se­mana im­por­tantes ini­ci­a­tivas em Tires, Ma­rinha Grande e Al­mada, com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral.

Foram de grande sig­ni­fi­cado e im­por­tância as lutas de­sen­vol­vidas por mi­lhares de tra­ba­lha­dores na se­mana de luta mar­cada pela CGTP-IN, de 26 a 30 de Se­tembro. Me­recem também re­gisto as muitas ac­ções de­sen­vol­vidas pelo País de co­me­mo­ração do 46.º ani­ver­sário da CGTP-IN no pas­sado dia 1 de Ou­tubro. Assim foi também, no mesmo dia, a co­me­mo­ração do dia do idoso com ac­ções pro­mo­vidas pelo MURPI pela va­lo­ri­zação das re­formas e pen­sões e por me­lhores con­di­ções de vida. Assim vão ser muitas ou­tras lutas em pre­pa­ração em torno da acção rei­vin­di­ca­tiva em muitas em­presas, lo­cais de tra­balho e sec­tores ou a luta das po­pu­la­ções e de ou­tras ca­madas e classes não mo­no­po­listas em de­fesa dos seus in­te­resses e di­reitos.

Como re­feriu Je­ró­nimo de Sousa no co­mício do pas­sado sá­bado em Tires, «este tempo exi­gente, com a força da or­ga­ni­zação, da mi­li­tância, do seu ideal e pro­jecto, em es­treita li­gação com os de­mo­cratas e pa­tri­otas, os tra­ba­lha­dores, a ju­ven­tude, o povo por­tu­guês, o PCP toma a ini­ci­a­tiva e avança nesta luta que tra­vamos por um Por­tugal com fu­turo!»